quinta-feira, 31 de maio de 2012

Saramago - Linguagem e Estilo



O estilo e a linguagem peculiares são as principais características que marcam a escrita de Saramago e que o diferenciam no panorama literário português. O autor procura criticar não apenas os tempos presentes, mas também os tempos passados e subverter conceitos tradicionalmente aceites na sociedade, satirizando situações e personagens e manifestando ironia nas suas narrações, servindo-se para isso de uma escrita igualmente subversiva.

A pontuação utilizada por Saramago torna a sua escrita específica e desafiante da gramática académica. Isto acontece pois Saramago pretende oferecer ao leitor a oportunidade de entoar, ele próprio, as palavras, tratando-se assim de uma leitura personalizada que contribui para a sua expressividade.

Através da utilização de figuras de estilo como a metáfora, a enumeração, a ironia e o sarcasmo na crítica social, Saramago evidencia nas suas obras uma visão "brechtiana". Isto permite-lhe satirizar a sociedade e os seus aspectos mais marcantes. De forma subtil ou mordaz, a ironia está sempre presente nas palavras do autor. Em Memorial do Convento, Saramago refere-se ao auto-de-fé, como um "churrasco", isto é uma clara evidência de crítica social, e a obra está repleta de ironias.

Concluindo, Saramago baseia-se na ideologia marxista de defesa do povo e crítica ao poder e também é céptico ao nível da religião. Utilizando o seu estilo de pontuação e de figuras de estilo peculiares, aforismos, provérbios, a coloquialidade e a intertextualidade, subverte o próprio conceito de escrita e afirma-se como um visionário na literatura, no que respeita ao estilo e à linguagem.

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