quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ricardo Reis



Ricardo Reis é mais um famoso heterónimo de Fernando Pessoa. Foi imaginado pelo poeta em 1913 após ter decidido escrever poemas de índole pagã. Este heterónimo nasceu no Porto, estudou num colégio de jesuítas, formou-se em medicina e expatriou-se espontaneamente desde 1919, na sequência da derrota da rebelião monárquica do Porto contra o regime republicano, indo viver para o Brasil. É um latinista por educação, e um semi-helenista por educação própria.

Reis é um discípulo de Alberto Caeiro, e admira a serenidade e a calma com que este encara a vida, por isso procura atingir a paz e o equilíbrio sem sofrer, utilizando duas doutrinas gregas: o Epicurismo e o Estoicismo.

Epicurismo

Segundo o Epicurismo, o ser humano deve procurar a ausência de dor e de sofrimento e aceitar a morte, sem receio. O Epicurismo também faz uma apologia à procura do prazer moderado, da calma, da ataraxia e do carpe diem horaciano.

Estoicismo

O Estoicismo defende a ideia de que o cosmos é uma unidade única e que funcionava de forma cíclica. Segundo esta doutrina, o sábio deve-se conformar com a Natureza e não lutar contra ela. O Estoicismo apela à indiferença face aos bens materiais e defasa do seguimento das seguintes virtudes: discernimento, coragem, justiça e autodomínio. Este último permite a aceitação do cosmos, do destino e da morte inexorável. Defende também a fundação de uma comunidade humana e da igualdade de oportunidades para todos os seres humanos (universalismo).

Aspectos Formais

- Uso de vocabulário erudito e preciso;
- Recurso a arcaísmos;
- Formas estróficas e métricas de influência clássica - Ode;
- Influência latina através da anástrofe e do hipérbato;
- Predomínio da subordinação;
- Uso frequente de advérbios de modo;
- Recurso ao gerúndio;
- Uso do imperativo como manifestação de atitude filosófica;
- Diálogo permanente como um "tu" - coloquialidade.

Sem comentários:

Enviar um comentário